Para ver se nos entendemos: o documento e as declarações da troika são um atestado de incompetência para o governo. Ponto final. Mais: o documento é a negação ideológica do PS enquanto partido socialista . Mas isso fica para depois. Hoje, vamos prestar atenção apenas às derrotas de Sócrates presentes no documento e nas declarações da troika. É só contar. É-cada-tiro-cada-melro.
Para começo de conversa, a troika criticou os adiamentos e os fingimentos de Sócrates na demora do pedido de ajuda. Ou seja, a troika colocou em causa o teatrinho de Sócrates dos últimos meses. Um teatrinho que nos vai custar milhões e que nos colocou numa posição mais frágil para esta negociação. Depois, a troika desarmou a propaganda dos últimos dias: não, não se pensou em cortar no 13.º e 14.º. É preciso mais? A troika disse que o PEC IV não era suficiente, tal como Passos e Portas sempre afirmaram. O PEC IV mexia nas pensões mais baixas; o memorando da troika evita isso, seguindo assim Paulo Portas. Para evitar mexer nas pensões mais baixas, a troika aumentou o IVA, tal como Passos previa. A troika disse que é preciso fazer uma auditoria clara, tal como o PSD pedia. A troika atacou o TGV e o aeroporto, tal como Portas, Passos (e Ferreira Leite) pediam. A troika deu mais um ano para a correcção do défice, tal como Passos pedia há uns meses. A troika mudou a lei laboral, tal como CDS e PSD (cada um à sua maneira) têm defendido. A troika atacou a gordura da CGD (os seguros), seguindo assim Passos. E há mais.
Seja qual for o ângulo de análise, o governo perde em toda a linha, e o CDS e o PSD vêem os seus pontos confirmados. Até porque - repito - o PS deixou de ser o velho Partido Socialista a partir do momento em que aceitou o documento da troika .
Henrique Raposo (in Expresso)
segunda-feira, 9 de maio de 2011
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