terça-feira, 27 de abril de 2010

A receita para Salvaterra

Tony Blair é o patrono de uma nova organização chamada «Tony Blair Africa Governance Initative», uma ONG que trabalha com líderes políticos de Ruanda, Serra Leoa, e Libéria.

Blair acha que o subdesenvolvimento de África não se resolve despejando dinheiro no continente, mas resolve-se, antes, de duas formas: (1) Bons governos e (2) o crescimento do sector privado da economia.

E está tudo dito.

O que é de lamentar é que a receita também se aplica aqui a Salvaterra de Magos, o concelho mais pobre desta zona. Trinta e cinco anos de um modelo político, económico e social representado pela esquerda – divididos entre o PS e o BE – fizeram deste concelho a cauda da região.

1. Bons governos. Enquanto os empresários, os construtores, os comerciantes deste concelho tiverem medo de participar em actividades que sejam conotadas com partidos políticos de oposição ao BE, é sinal que não há aqui um bom governo municipal. Quando um executivo inspira medo nas pessoas, estamos diante de um poder despótico e anti-democrático. E é exactamente isso que se passa: falo com empresários que têm medo das represálias que sofrem por parte da Câmara, se forem vistos a participar em actividades do PSD. É uma vergonha! Estamos perante o exercício de um poder político que se habituou a criar uma entourage de pessoas que alimentam e se alimentam da prepotência. E quem não alinha é castigado.

2. O crescimento do sector privado. Mas alguém duvida que o fraco e quase inexistente tecido empresarial, aqui em Salvaterra, é fruto de um modelo ideológico? Nas últimas legislativas, o BE queria nacionalizar tudo – como se fez no tempo do Gonçalvismo de má memória. Era Bancos, Seguros…um regabofe! E aqui em Salvaterra a cartilha é seguida à risca. Não há incentivos à iniciativa privada: o que há é tributação até ao máximo como se viu agora no valor da derrama, aquando da discussão do último orçamento. O sinal dado é claro: as empresas privadas NÃO SÃO bem vistas, bem-vindas nem bem quistas em Salvaterra. E o concelho não atrai investimento porque os empresários, quando se apercebem do vermelho que marca politica e ideologicamente este concelho, fogem.

Tony Blair diz que tem a esperança de ver um continente africano próspero e entusiasmante durante o seu tempo de vida. Muitos de nós temos a mesma esperança quanto ao concelho de Salvaterra.

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